16 de ago. de 2012
A minha mensagem
Desce em mim
Chuva, desce assim
Vem sentar te ao meu lado
E conta me a história
De quem inventou o mundo
Como surgiu a criação
Vem chuva, até mim
Canta comigo esta canção
Desfaz mitos e anseios
Narra me todos esses feitos guerreiros
O vento da salvação
Que empurrou as caravelas desta nação
A inspiração de descobrimentos
A revolta dos sentimentos
E das lágrimas que ajudaste a limpar
Diz me oh chuva
Quem viste tu naufragar
E a quem deste de beber
Ou recusaste ajudar
Deixa me ser curioso por um minuto
Acreditar que não fui só eu a sofrer
Abafar esta solidão
Com tudo que tive de ler
Os dias passados a estudar
As rotas marítimas e o sistema solar
Que isto sirva para nós
Não me deixes afogar
Na glória dos nossos eternos avós
Sei que estou a divagar
E tu nem me queres ouvir
Mas explica me lá o chuva
Quem te mandou cair
Arruinar o meu sono
Trazer me de volta a um mundo que não e meu
Diz me de novo chuva
Afinal quem sou eu
E se o piano que toca no fundo
Não está assombrado
Com o sangue de Portugal
Que Tu me livres de todo mal
Até de ser português
Tira me a consciência
Afasta de mim os porquês
E a vontade de escrever
Tomba me a caneta para que eu pare de beber
Destas linhas, sôfregas linhas
Que pelos meus antepassados me foram dadas a conhecer
Com que trauteias a nossa sina
Já não quero mais saber
Como posso olhar nos olhos o futuro
Se o passado negro nos incrimina
E alma não está lavada
De uma história carnificina
Transforma-te chuva em amor
E vem sentar te a meu lado
Que já não aguento mais
A pesada herança deste fado.
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